terça-feira, 21 de outubro de 2008

Alexandre O'Neill




Alexandre Manuel Vahía de Castro O'Neill de Bulhões (Lisboa 19 de Dezembro de 1924 — 21 de Agosto de 1986), filho de descendente de irlandeses.
(Foi várias vezes preso pela polícia política, a PIDE).
Filho de um bancário e de uma dona de casa, nasce em Lisboa Alexandre Manuel Vahia de Castro O’Neill de Bulhões. - 1944: Termina o 1.º ano da Escola Náutica de Lisboa mas, por causa da sua miopia, é-lhe recusada a cédula marítima para exercer pilotagem. Alexandre não continua os estudos. As suas primeiras influências surrealistas surgem no ano de 1947, quando contacta com Mário Cesariny. Em 1948, fundam o Grupo Surrealista de Lisboa, juntamente com nomes como José Augusto França, António Pedro e Vespeira. Este grupo depressa se divide em dois e dá origem ao Grupo Surrealista Dissidente, com personalidades como António Maria Lisboa e Pedro Oom. Também este grupo se dissolve poucos anos depois, mas as influências surrealistas permanecem visíveis nas obras de Alexandre O’Neill, Fez da pátria o seu tema mais constante, e do verso crítico o pincel com que pintou paisagens, gestos e costumes quotidianos.
Um "grande poeta menor", transbordante de sonhos e sedento de realidades submersas, foi em vida, e é em morte, incompreendido e por vezes votado ao esquecimento.
Esse terá sido o preço que pagou por se ter recusado diluir numa qualquer poesia de populismo fácil publicou muitas das suas obras literárias. 1948, A Ampola Miraculosa, integrado na colecção dos Cadernos Surrealistas. Obras: No Reino da Dinamarca (1958), Abandono Vigiado (1960), Poemas com Endereço (1962), Feira Cabisbaixa (1965), De Ombro na Ombreira (1969), As Andorinhas não têm Restaurante (1970), Entre a Cortina e a Vidraça (1972), A Saca de Orelhas (1979), Uma Coisa em Forma de Assim (1980), As Horas já de Números Vestidas (1981).
Escreveu o fado “Gaivota” que Amália tantas vezes cantou, assim como poesia, deixou-nos uma obra de escritas, que só mais tarde damos valor.

Slogans não lhe custam inventar, alguns entram no ouvido, fazem furor. É o caso de BOSCH É BOM. Mas dos slogans a sério, um chega mesmo a converter-se em popular. É um alerta aos banhistas imprevidentes:
HÁ MAR E MAR
HÁ IR E VOLTAR


Um excerto do poema "Um adeus português"

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Não tu não podias ficar presa comigo

à roda em que apodreço

apodrecemos

a esta pata ensanguentada que vacila

quase medita

e avança mugindo pelo túnel

de uma velha dor


Morre em 1986, Alexandre O'Neill vítima de um acidente cardíaco.


Maria de Jesus Pereira
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